domingo, 11 de setembro de 2011

O Bom Samaritano - Lucas 10:25-37

Um doutor da lei testa Jesus

Uma das mais conhecidas parábolas de Jesus foi contada em resposta a um encontro que ele teve com um doutor da lei. Alguém que estudara completamente a lei de Deus e estava preparado para discutir seus pormenores.

O verso 25 diz que “um perito na lei levantou-se para pôr Jesus à prova” (NVI). Você, alguma vez, já viu um estudante testar um professor? Talvez você tenha sido o professor colocado à prova, ou quem sabe o estudante a conferir os conhecimentos do mestre.De qualquer modo, nessas ocasiões, quem faz a pergunta não a faz para aprender por meio da resposta (porque, normalmente, já sabe a resposta para tal questão), mas para colocar o professor em uma situação complicada; talvez até mesmo embaraçosa se a resposta não for dada rapidamente ou se, de alguma forma, for inexata.
Esta era a cena aqui. Era normal os doutores da lei, identificados na Nova Versão Internacional como “peritos na lei”, “levantou-se”, presumivelmente, para fazer um comentário ou oferecer alguma instrução útil aos que se achavam reunidos. Porém, não era o caso, neste encontro com Jesus. Na passagem, o “doutor na lei” queria uma desculpa para testá-lo.

O homem perguntou: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?” (v.25, NVI). Usando a forma rabínica, Jesus respondeu com uma pergunta ou duas questões: “O que está escrito na Lei?”, “Como você a lê4?” (v.26, NVI). Quando o “perito na lei” respondeu citando Deuteronômio 6.5 e Levíticos 19.18, Cristo disse: “Você respondeu corretamente” e, então, citou Levíticos 18.5 e Ezequiel 20.11 para deixar claro aquilo de que o homem precisava: “Faça isto; viverá.” (vs. 27-28, NVI). Em outras palavras, não era suficiente recitar a lei de Deus, mas vivê-la de maneira a agradar a Deus! Para isso, a pessoa tem que colocar em ação o que a lei de Deus requer, sendo a essência desta o amor: amar a Deus de todo o coração, de toda a alma, com todas as forças e de todo o entendimento, e ao próximo como a si mesmo.


Nota 10, mais uma estrela de ouro!
Agora, se estivéssemos no lugar daquele homem, poderíamos ter deixado por isso mesmo. Afinal de contas, Jesus tinha dito, na frente de todos os presentes, que ele havia “respondido corretamente.” Receber um 10, porém, não era suficiente para o “doutor na lei”. Ao invés disso, queria receber algum crédito extra. Lembre: ele planejara “testar” Cristo, e realmente ainda não havia feito isso! Assim, “querendo justificar-se, perguntou a Jesus: ‘E quem é o meu próximo?’” (v. 29, NVI). Generosamente, até mesmo com compaixão, o Senhor Jesus contou-lhe uma parábola para ajudá-lo a entender o verdadeiro significado da lei do amor, considerando que “amar é uma disposição interna, não uma qualificação externa” (cf. Marshall, 442).


Uma história sobre compaixão

À medida que Jesus contava a história, os ouvintes puderam pintar vividamente a cena: “A estrada rochosa, tortuosa, de Jerusalém para Jericó, tem sido notória, por todos os séculos, como um lugar onde os ladrões, muito freqüentemente, atacam os viajantes” (Geldenhuys, 311). “Ela era uma descida íngreme por locais desolados. A distância era de, aproximadamente, vinte e seis quilômetros e a estrada descia um total de 1.040 metros. Era o tipo de caminho no qual os ladrões poderiam estar bem seguros. Jesus não disse que os salteadores da história roubaram o homem: isso seria subentendido. Ele concentrou-se no tratamento violento dispensado ao viajante. Eles deixaram-no quase morto” (Morris, 189).

Então, um a um, Cristo apresentou três homens; qualquer um deles poderia ter ajudado ao homem severamente ferido:
O primeiro homem que, “casualmente descia pelo mesmo caminho”, era um “certo sacerdote” (v.31, RC). Ele ficou diante de um dilema ético: o único meio de saber se realmente o homem ainda estava vivo, e precisando de ajuda, era se aproximar e tocá-lo, mas, se já estivesse morto e ele tocasse no falecido, ficaria ritualmente imundo. “Não apenas deixou de ajudar, como também foi para o outro lado da estrada. Ele evitou qualquer possibilidade de contato. Outros fatores podem ter pesado, como por exemplo, a possibilidade de os ladrões retornarem, a natureza dos negócios daquele homem moribundo, e assim por diante. Nós não temos conhecimento... Sabemos que o sacerdote deixou o homem onde ele estava, sem se importar com o sofrimento e com as necessidades dele” (Morris, 189).
O segundo homem a entrar em cena era “um levita” (v. 32). “O que aconteceu no caso do sacerdote se repetiu... Nos tempos do Novo Testamento, os levitas estavam em posição de inferioridade em relação aos sacerdotes; não obstante, formavam um grupo privilegiado pela sociedade judaica. Eram responsáveis pela liturgia no templo e por manter a ordem no culto… Pode-se presumir que os mesmos motivos do sacerdote, para não ajudar, estavam na mente do levita” (Marshall, 448-449).
O terceiro homem “era samaritano, estando de viagem” (v.33, NVI) e, quando viu o homem ferido, “moveu-se de íntima compaixão dele” (v.33,RC). Aquele sentimento de condolência levou-o a ajudar: ele foi até o homem machucado, enfaixou-lhe as feridas, derramando vinho e óleo. Depois, colocou-o sobre seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria na qual poderia se recuperar. Porque o viajante piedoso tinha que retomar sua jornada, deu ao hospedeiro o equivalente a duas diárias para que ele cuidasse do homem em sua ausência e prometeu pagar as despesas adicionais, se houvessem, quando retornasse de sua viagem.

Vivendo compassivamente

Jesus selecionou cuidadosamente os detalhes para a história contada. Primeiro o “sacerdote” e, depois, um “levita” passou pelo homem ferido. Os que ouviam estavam prontos para o herói ser introduzido e, provavelmente, presumiam que seria um judeu leigo, como uma última condenação dos líderes religiosos, o clero, que havia “passado para o outro lado da rua”. Para surpresa deles, o herói era “um samaritano”! Jesus tinha dado o papel de bom sujeito a um inimigo dos judeus, a uma pessoa cuja herança, há muito, repugnava-os.
Passados todos estes séculos, referimo-nos à história como “A parábola do Bom Samaritano”. Ao fazer isso, inconscientemente, estamos caindo no mesmo preconceito que era evidente na audiência de Jesus, porque estamos ‘afirmando’ que tal samaritano era diferente dos outros samaritanos pelo fato de que era “bom.” Talvez, como os judeus, nós também precisemos de uma lição sobre compaixão, começando por mencionar novamente a história. (Uma sugestão seria “A parábola do vizinho genuíno.”)

A narração de Jesus ensina que viver agora, e sempre, como povo de Deus, significa demonstrar compaixão, mesmo quando nos incomoda, mesmo quando isso faz nossa vida tornar-se “impura”, mesmo quando desafia nossa compreensão tradicional e, até mesmo, quando nos custa algo pessoalmente. Isso é o que Jesus está nos dizendo: “Vá e faça o mesmo” (v. 37, NVI).
Escrito por jeanne Yurke

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