terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Asafe



Asafe era diretor de música nos dias de Davi e Salomão. Crente no Senhor, compôs 12 hinos que passaram a fazer parte dos Salmos. Da sua experiência com o Senhor, podia dizer "com efeito, Deus é bom". Porém, durante uma fase de sua caminhada com o Senhor, enfrentou uma crise espiritual muito grande, a ponto de declarar "quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos". Como Asafe, você pode estar vivendo momentos de dúvidas e quem sabe até tenha pensado em se afastar dos caminhos do Senhor. Vendo o que levou esse levita à beira do precipício e como ele saiu de sua crise espiritual, você descobrirá que mesmo em meio a lutas, vale a pena servir ao Senhor. =D





Bom mais vamos começar conhecendo mais um pouco da vida deste grande homem chamando Asafe.
Quem era Asafe? Um judeu, da tribo de Levi, e músico por vocação e deleite. Seus instrumentos preferidos: a harpa, o alaúde e o címbalo, todos muito antigos. Nas suas apresentações usou com mais frequência os címbalos sonoros e os címbalos retumbantes, instrumentos de percussão compostos geralmente de dois discos de metal, que têm no centro uma pequena cavidade para aumentar a sonoridade. Foi designado músico e cantor pelos levitas, que tinham sob sua responsabilidade os serviços religiosos de Jerusalém. Participou do magnífico cortejo musical que levou a Arca do Senhor da casa de Obede-Edom para a tenda armada pelo rei Davi. Naquele dia o rei o descobriu e fez dele ministro de música. Porque também era músico exímio tocador de harpa e profícuo compositor de salmos , Davi deu grande ênfase à música de adoração, como expressão de louvor a Deus. Ele fazia questão de que se levantasse a voz com alegria e reservava a si a supervisão geral de toda atividade litúrgica. Eram 4 mil levitas, que, em 24 turnos, louvavam continuamente o Senhor com instrumentos fabricados por ordem do rei para esse fim. A maior parte era formada de iniciantes, que aprendiam música com os mais competentes. Era uma verdadeira escola de música sacra. Seus filhos faziam parte do corpo docente 288 mestres ao todo. Os filhos de Asafe escreveram doze dos 150 salmos que estão na Bíblia (os onze primeiros do livro terceiro e o salmo 50).


De todos os 12 Salmos de Asafe, houve que um que ao lê-lo me chamou bastante atenção. Então nesta pequena mensagem quero explicar com mais detalhes a crise que vivenciou e da qual ele fala no salmo 73... ^^


I. Asafe dentro da crise


Como Rui Barbosa, “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus”, Asafe chegou a desanimar da virtude. E esse desânimo o levou a uma terrível crise existencial. Quase resvalaram os seus pés em direção ao abismo da incredulidade.(v.2) Pouco faltou para que ele rompesse com a idéia de um Deus sábio, bom e justo, e jogasse fora a rica tradição religiosa até então acumulada. Esteve bem perto de uma violenta mudança de pensamento e de comportamento. Quase trocou os oráculos de Deus pelo horóscopo. Quase trocou o templo do Senhor por um terreiro de macumba. Quase mandou tudo para o inferno, inclusive sua alma!


Seu problema é que ele passou a ter inveja dos pecadores. Ele dizia: “eu também sou como eles, sujeito aos mesmos sentimentos e paixões. Por uma questão de princípios e pelo temor do Senhor, eu abortava na fonte os desejos pecaminosos”:


Quantas vezes desejei vingar-me,

Quantas vezes fui açoitado pela ira,

Quantas vezes quis projetar-me,

Quantas vezes fui assaltado pelo egoísmo,

Quantas vezes a falta de recato da mulher alheia me atiçou a lascívia,

Quantas vezes senti desânimo e preguiça.

Mas o amor a Deus falou mais alto,

Meu coração guardei puro,

Resisti os maus desígnios,


No entanto o salmista ofereceu forte resistência a todos esses sentimentos e deles se privou por amor do Senhor e por causa de seu nome. De repente se sente frustrado e se pergunta: “Será que foi à toa que eu me esforcei para não pecar e permanecer puro?”.


Pois, enquanto ele crucificava a sua carne, os pecadores pareciam livres, desinibidos, evoluídos, descomplexados, bem-sucedidos, felizes, seguros, altivos e tranqüilos. O que mais o desnorteou foi a falsa impressão de que seu zelo não lhe rendia nada. Ele pensava: “Deus não me trata de modo todo especial”. “Ele não me poupa das intempéries, do cansaço, da aflição, da doença nem da disciplina em caso de erro, por menor que seja”. Outra coisa que machucava o salmista era a popularidade dos pecadores e o seu anonimato.


A crise que a que foi acometido não foi brincadeira. Demorou algum tempo e o desgastou muito. Tentou descobrir o que estava acontecendo, mas em só refletir para compreender isso, achou mui pesada tarefa para ele. Até que um dia Asafe entrou no santuário de Deus e compreendeu o fim último dos ímpios pecadores que ele estava invejando.


II. Asafe dentro do templo


Dentro do templo é outra coisa. Dentro do templo sua vida ganha outra dimensão. O que acontece dentro do templo?

Ganha-se, ou recobra-se, como foi no seu caso, a perspectiva cristã da vida, que envolve o tempo presente e a eternidade.

Renova-se a fé na existência e no caráter de Deus. Chega-se outra vez aos seus atributos invisíveis. Ele é eterno, imensurável, incompreensível, onipotente e também supremamente sábio, clemente, justo e verdadeiro.

Dentro do templo eu me senti orgulhoso, desrespeitoso e insolente por haver duvidado da justiça de Deus para comigo e para com os pecadores.

Percebi que eu havia retirado o meu voto de confiança em Deus e por isso estava perplexo.

Dentro do templo sua alma se abre e é derramada perante o Senhor a sua ansiedade, a sua aflição, a sua dúvida, a sua revolta.

Então Asafe começa a entender e ver com clareza. No templo ele se lembra, quem sabe, do salmo de Davi: “Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade” (Sl 37.1). Tivesse ele memorizado melhor esse salmo, a crise teria sido mais passageira, pois o ímpio prepotente nesta vida se expande qual cedro do Líbano (v.35), mas será como o viço das pastagens: será aniquilado e se desfará em fumaça (v.20). Nada teria acontecido ao Asafe se não tivesse perdido a certeza de que “mais vale o pouco do justo que a abundância de muitos ímpios” (v.16). Tão perto dele, tão freqüentemente em seus lábios, por que razão deixou o salmista escapar o ensino e o conforto deste salmo e não o aplicou a si mesmo?


Ainda dentro do templo Asafe percebeu que o desastre ocorreu quando a crença tradicional na justiça divina começou a ser abalada em sua mente. Se há algo que precisa permanecer intocável é exatamente a certeza de que Deus “é recompensador dos que o buscam, mas justíssimo e terribilíssimo em seus juízos, odeia todo o pecado e de modo algum terá por inocente o culpado”.


Você trocaria uma vida na presença de Deus e uma eternidade na glória por prosperidade material na terra e uma eternidade no inferno? Tenho certeza que não, logo, não há motivo para você duvidar da bondade de Deus e menos ainda para invejar a sorte dos que seguem a maldade.


Conclusão:

Quando o salmista Asafe sai do templo estava refeito, curado, revivificado, alegre e disposto, e, ao mesmo tempo, solícito em alimentar-se da verdade, como ensina Davi ainda no salmo 37 (v.3). Toda a mágoa desapareceu. Dizia ele: “Os pecadores continuam a se afastar do Senhor; mas..., quanto a mim, bom é estar junto a Deus: no Senhor ponho o meu refúgio, para proclamar todos os seus feitos, em prosa e em verso, com címbalos retumbantes e com címbalos sonoros, entre gritos de alegria e louvor eu, que quase troquei a música de adoração pela música profana! Graças a Deus não me tornei pedra de escândalo para os meus 4 mil instrumentistas e cantores e toda a nação de Israel!”


Que essa experiência de Asafe fale ao seu coração e lhe transmita ensinamentos para a sua caminhada com Jesus!